sábado, 8 de dezembro de 2012

As rosas


            Todas as rosas secaram nos vasos.
            E os vasos, esquecidos em suas estantes, já sem água e sem vida, eram feitos de tempo esquecido e de amor inacabado.
           Ninguém tirava os vasos de suas estantes, nem as flores de sua triste posição, ninguém fazia nada por elas, assim como não conseguiram fazer nada por aquela que tinham que fazer. Não lhe fizeram esboçar um sorriso, e por isso não receberam a compaixão.
          E foram deixadas, mais como uma verdade do que como uma lembrança. Ninguém quer relembrar esses dias, e nesses dias o tempo apenas passa, se perde, se esconde, se encontra e desencontra em um final.
           Mas a moça estava morrendo, secando como as rosas em seus vasos, deitada em sua cama, como as rosas se debruçavam sobre as bordas de vidro, quebrada como o relógio na parede, sem o perfume antigo, sem o sorriso encantador.
       As rosas a observaram, da mesma forma com que as coisas secas nos observam, com aquele ressentimento agudo, a rigidez frágil, a desaprovação leve. Elas observaram a moça, sem sorrisos, sem conversas, em uma mudez que atormentava-a e consolava-a ao mesmo tempo, nada esperava de suas companheiras nas estantes. Não havia o que lembrar.
            Havia apenas uma verdade.
            E que se fosse tarde, ou fosse cedo, levaria consigo, como forma de existência e prova de vida para si, e para os que nunca a conheceram. Não sentia nada ao olhar para as flores, eram rosas. Mesmo quando elas ainda eram belas e adoráveis, nada disso importava. Não sentia nada ao olhar as rosas...
        Não sentia porque elas não significavam nada, não sentia porque não amava aquele que as havia entregado, não sentia porque não havia amor ali.
            Não havia o que discutir a respeito disso.
            Todas as rosas secaram nos vasos.

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