Todas as rosas secaram nos vasos.
E os vasos, esquecidos em suas estantes, já sem água e sem vida, eram feitos de tempo esquecido e de amor inacabado.
Ninguém tirava os vasos de suas
estantes, nem as flores de sua triste posição, ninguém fazia nada por elas,
assim como não conseguiram fazer nada por aquela que tinham que fazer. Não lhe
fizeram esboçar um sorriso, e por isso não receberam a compaixão.
E foram deixadas, mais como uma
verdade do que como uma lembrança. Ninguém quer relembrar esses dias, e nesses
dias o tempo apenas passa, se perde, se esconde, se encontra e desencontra em
um final.
Mas a moça estava morrendo, secando
como as rosas em seus vasos, deitada em sua cama, como as rosas se debruçavam
sobre as bordas de vidro, quebrada como o relógio na parede, sem o perfume
antigo, sem o sorriso encantador.
As rosas a observaram, da mesma
forma com que as coisas secas nos observam, com aquele ressentimento agudo, a rigidez
frágil, a desaprovação leve. Elas observaram a moça, sem sorrisos, sem
conversas, em uma mudez que atormentava-a e consolava-a ao mesmo tempo, nada
esperava de suas companheiras nas estantes. Não havia o que lembrar.
Havia apenas uma verdade.
E que se fosse tarde, ou fosse cedo,
levaria consigo, como forma de existência e prova de vida para si, e para os
que nunca a conheceram. Não sentia nada ao olhar para as flores, eram rosas.
Mesmo quando elas ainda eram belas e adoráveis, nada disso importava. Não
sentia nada ao olhar as rosas...
Não sentia porque elas não significavam
nada, não sentia porque não amava aquele que as havia entregado, não sentia
porque não havia amor ali.
Não havia o que discutir a respeito
disso.
Todas as rosas secaram nos vasos.
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