segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sonho

            Prometi a mim mesma que não escreveria sobre você.
            Isso foi a algum tempo... E já a algum tempo venho descumprindo minha promessa. Não porque eu deseje escrever sobre você, mas porque, derradeiramente você me aparece, e sua presença, absurda e irreal, vem trazer a tona todas essas coisas que eu enterrei.
            No inicio, logo depois de sua recusa e sua resposta, que embora sincera jamais poderia ser dita como adorável, você era tudo o que tinha dentro da cabeça. Idiotice minha ter prestado tanta atenção, para que saber como você segura uma xícara de café? E lembrar de como vira páginas do livro? Por que saber como suspira? E lembrar do som de sua respiração? Sua voz ainda me inunda os ouvidos... E ainda acelera meu coração... Eu, que nunca me desespero, me desespero diante de sua presença, e antes disso, dessa antecipação e do silêncio que vem antes de você chegar... Deve ser porque eu prendo a respiração e deliro.
            Você me atormentou sem saber, e me fez chorar sem querer. Mexia com a minha cabeça com a mais simples das palavras, e só sua imagem já era capaz de me sentir pequena. Se dirigia a palavra a mim, como esperava que eu ficasse normal? Eu, tímida e pequena, diante de sua presença, e de sua importância, que lentamente cultivei eu mim... Tudo o que podia era ficar vermelha, e tentar trabalhar com as palavras que saiam sempre todas erradas...
            Difícil...
            Demorei para superar suas palavras. Depois sua ausência. Ainda não acho que superei tudo... Eu, cabeça-dura, que escolhe tudo com muito cuidado, preciso de tempo para essas coisas...
            Mas ontem... Ontem algo triste acontece... Eu sonhei com todo mundo que conhecemos e que andávamos juntos... Mas não com você... Todos estavam lá, e lembro-me de no sonho tentar te encontrar, perguntei a um dos nossos amigos em comum se você viria, e ele me olhou como se não soubesse de quem falava...
            Acordei incomodada... E incomodada passei o dia.
            Percebi depois que tão lentamente estava morrendo sua imagem dentro de mim.