Prometi
a mim mesma que não escreveria sobre você.
Isso
foi a algum tempo... E já a algum tempo venho descumprindo minha promessa. Não
porque eu deseje escrever sobre você, mas porque, derradeiramente você me
aparece, e sua presença, absurda e irreal, vem trazer a tona todas essas coisas
que eu enterrei.
No
inicio, logo depois de sua recusa e sua resposta, que embora sincera jamais
poderia ser dita como adorável, você era tudo o que tinha dentro da cabeça.
Idiotice minha ter prestado tanta atenção, para que saber como você segura uma
xícara de café? E lembrar de como vira páginas do livro? Por que saber como
suspira? E lembrar do som de sua respiração? Sua voz ainda me inunda os
ouvidos... E ainda acelera meu coração... Eu, que nunca me desespero, me desespero
diante de sua presença, e antes disso, dessa antecipação e do silêncio que vem
antes de você chegar... Deve ser porque eu prendo a respiração e deliro.
Você
me atormentou sem saber, e me fez chorar sem querer. Mexia com a minha cabeça
com a mais simples das palavras, e só sua imagem já era capaz de me sentir
pequena. Se dirigia a palavra a mim, como esperava que eu ficasse normal? Eu,
tímida e pequena, diante de sua presença, e de sua importância, que lentamente
cultivei eu mim... Tudo o que podia era ficar vermelha, e tentar trabalhar com
as palavras que saiam sempre todas erradas...
Difícil...
Demorei
para superar suas palavras. Depois sua ausência. Ainda não acho que superei
tudo... Eu, cabeça-dura, que escolhe tudo com muito cuidado, preciso de tempo
para essas coisas...
Mas
ontem... Ontem algo triste acontece... Eu sonhei com todo mundo que conhecemos
e que andávamos juntos... Mas não com você... Todos estavam lá, e lembro-me de
no sonho tentar te encontrar, perguntei a um dos nossos amigos em comum se você
viria, e ele me olhou como se não soubesse de quem falava...
Acordei
incomodada... E incomodada passei o dia.
Percebi
depois que tão lentamente estava morrendo sua imagem dentro de mim.