terça-feira, 16 de setembro de 2014

Parágrafo único

São as dálias e as margaridas que eu prensei no livro antigo. Eu digo tentando acalmar-me e dormir. São só as dálias secas... Fica calma e vai dormir. Mas nenhum sono me embala. Há um sussurrar antigo, não das flores, mas de mim, que vem como palavras engasgadas de muito tempo, todas desimportantes, mas agora, sem quem ouvi-las tornam-se as únicas lembranças que tenho. Memórias de algo que não fiz... Recolho meus murmúrios, minhas flores, meus tempos perdidos e rabiscos, não me aquieto, não há como. Dentro de mim correm as memórias das coisas mortas, e seus veios seguem num pulsar do sangue, lá eles cantam, recitam e declamam as palavras livremente como você e como nunca... 

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