sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Nome

            Você não se lembra, mas...
            Guardei seu nome num papel.
            Porque você sussurrou em meu ouvido e falou para eu não esquecer. E eu decidi que não ia esquecer.
            Era a nossa promessa.
            Então, escrevi seu nome em um papel.
            Seu nome virou bilhete, que eu segurava o tempo todo. Mas, com medo de perdê-lo, virou tesouro, que guardava de baixo do travesseiro. Não bastando, fiz virar segredo, e não o disse para mais ninguém, quis guardá-lo em um cofre, mas não há cofres que se pode carregar por ai... Um dia fi-lo virar prece, e antes de rezar, e também depois, passei a falá-lo, porque ele era sagrado para mim. Ás vezes apenas o falava distraidamente, porque antes de tudo, era nosso jogo, e não podia me esquecer de me divertir com isso. Soletrava-o quando estava entediada, porque precisava entender seu nome por completo. Recitei-o algumas vezes, porque também era um poema para mim. Tentei até desenhá-lo, porque era arte. Podia não ter nada no mundo, mas tinha seu nome, escrito em um papel, e isso significava tudo, porque eu fiz significar.
            Muito tempo passou... Você sabe e eu sei...
            Tanto tempo.
            E eu aqui ainda segurando seu nome.
            Mas que tristeza... Esqueci como era seu rosto...

Nenhum comentário:

Postar um comentário